Cadê esse novo normal que não chega nunca? Enquanto esperamos aqui sentados em casa, essa realidade paralela que tanto ouvimos falar até agora não deu as caras. Ou será que já deu e não percebemos? Entre um abre-e-fecha e outro de comércios e fronteiras, a vida segue meio errática até não sabemos quando. Como parar não é uma opção (descer também não), as coisas vão se reinventando para continuar a acontecer.
O Museu do Louvre, o maior museu de arte do mundo, já recebeu sozinho mais de 10 milhões de visitantes em 2018. Com a queda vertiginosa de circulação ano passado, eles resolveram disponibilizar simplesmente todo o acervo online gratuitamente. Quase meio milhão de obras! A visita online ao museu nunca vai substituir a experiência de estar lá, naquela magnitude toda. Mas o saldo positivo desse importante passo que a instituição deu é dar acesso ao acervo a bilhões de pessoas que nunca teriam condições.
Já a música está em outra transformação. Se ela já tinha se digitalizado lá atrás, com o surgimento do mp3 e o streaming, os últimos anos foram marcados pela explosão as experiências ao vivo. A pandemia deu uma rasteira nessa lógica, e o mercado está tentando se encontrar nessa nova realidade. A Lalai chegou a fazer algumas análises ano passado sobre que futuro a música tomaria, ou ainda dos festivais de música, mas mesmo de um ano para cá talvez muita coisa tenha mudado de novo. A verdade é que viver de música está bem difícil, e muita gente da área está tendo que buscar formas alternativas de se manter.
E o segmento de viagens vive um período ainda mais complicado. Fronteiras fechadas, rotas de aviação canceladas… Por isso temos dois caminhos para continuar a viajar. Um deles é fazer viagens de carro, que são mais seguras e nos dão a oportunidade de conhecer nosso próprio país. A outra é embarcar em viagens online. Uma série na Netflix me levou longe por algumas horas, e era exatamente isso que eu precisava. Com tanta notícia ruim o tempo todo, e uma quarentena infinita, tudo que eu desejava era viajar um pouco. Sair de casa, esquecer as obrigações do dia-a-dia, ver o mundo e as paisagens e as culturas…. mesmo que seja pela TV. Passei 3 dias voando pelas Cordilheiras dos Andes, e no cenário atual foi como se eu tivesse carimbado meu passaporte várias vezes. Substitui uma viagem real-oficial? Não, nunca. Mas aí está o tal novo normal: eu provavelmente nunca vou poder percorrer os mais de 8 mil quilômetros dos Andes, mas ao pouco que já conheci, agora eu complementei a experiência com tanto mais. Foi ótimo enquanto durou.
Falando nisso, o Google Maps vai ampliar muito as formas de interagirmos com ele. Realidade aumentada para navegar em aeroportos e shoppings, definição de trajetos eco-friendly, e até sobreposição de camadas interativas com previsão do tempo e qualidade do ar. Muitas novidades, mas que devem demorar ainda para desembarcar por aqui. :-(
Semana passada um evento histórico aconteceu no Cairo, mas que a grande maioria das pessoas só pode ver virtualmente mesmo. A Pharaohs’ Golden Parade foi a transferência de 22 múmias (de Ramsés II incluso) entre o Museu Egípcio para o novo NMEC (National Museum of Egyptian Civilization), sua nova casa. O que era para ser só um traslado, virou um espetáculo com direito a câmaras de nitrogênio, shows de artistas nacionais, desfile de cavalos e apresentação de uma filarmônica com 220 músicos e cantores.
E enquanto a agenda cultura segue apenas online, nós seguimos reunindo o melhor da programação para você poder aproveitar em casa. Tudo, claro, com apoio do Jack Apple. Bora se divertir um pouco?
Se puder, conta para mim: que você começou a fazer virtualmente que nunca tinha pensado em fazer antes da pandemia?